Mário
de Andrade nasceu em São Paulo no dia 08 de Outubro de 1893, cidade onde morou durante quase toda a vida no
número 320 da Rua Aurora profª Elaine, onde seus pais, Carlos Augusto de
Andrade e Maria Luísa de Almeida Leite Moraes de Andrade também haviam morado.
Durante sua infância foi considerado um pianista prodígio, tendo sido
matriculado no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo em 1911. Recebeu
educação formal apenas em música, mas foi autodidata em história, arte, e
especialmente poesia. Dominava a língua francesa, tendo lido Rimbaud e os
principais poetas simbolistas franceses durante a infância. Embora escrevesse
poesia durante todo o período em que esteve no Conservatório, Andrade não
pensava em fazê-lo profissionalmente até que a carreira de pianista
profissional deixou de ser uma opção viável.
![]() |
Carlos Augusto de Andrade, pai de Mário de Andrade. |
![]() |
Maria Luísa de Almeida Leite Moraes de Andrade, mãe de Mário de Andrade. |
Em
1913, seu irmão Renato, então com quatorze anos de idade, morreu de um golpe
recebido enquanto jogava futebol, o que causou um profundo choque em Andrade.
Ele abandonou o conservatório e se retirou com a família para uma fazenda que
possuíam em Araraquara. Ao retornar, sua habilidade de tocar piano havia sido
afetada por um tremor nas mãos. Embora ele houvesse se formado no
Conservatório, ele não se apresentou mais e começou a estudar canto e teoria
musical com a intenção de se tornar um professor de música. Ao mesmo tempo,
começou a ter um interesse mais sério pela literatura. Em 1917, ano de sua
formatura, publicou seu primeiro livro de poemas, Há uma Gota de Sangue em Cada
Poema, sob o pseudônimo de Mário Sobral. O livro contém indícios de uma
crescente percepção do autor em relação a uma identidade particularmente
brasileira, mas, assim como a maior parte da poesia brasileira produzida na
época, o faz num contexto fortemente ligado à literatura européia—especialmente
francesa.
Seu
primeiro livro parece não ter tido um impacto significativo, e Andrade decidiu ampliar
o âmbito de sua escrita. Deixou São Paulo e viajou para o campo. Iniciou uma
atividade que continuaria pelo resto da vida: o meticuloso trabalho de
documentação sobre a história, o povo, a cultura e especialmente a música do
interior do Brasil, tanto em São Paulo quanto no Nordeste8 Andrade também
publicou ensaios em jornais de São Paulo, algumas vezes ilustrados por suas
próprias fotografias, e foi, acima de tudo, acumulando informações sobre a vida
e o folclore brasileiro. Entre as viagens, Andrade lecionava piano no
Conservatório, havendo sido também, conforme relato de Oneyda Alvarenga, aluno
de estética do poeta Venceslau de Queirós, sucedendo-o como professor no
Conservatório após sua morte em 1921.
Mário
de Andrade compôs uma única canção, intitulada "Viola Quebrada". A
composição é uma parceria de Mário com Ary Kerner.
Há
120 anos nascia um dos maiores intelectuais da história brasileira. Mário Raul
de Moraes Andrade, ou simplesmente o paulistano Mário de Andrade, foi o co-responsável
pelos ideais que promoveram a formação do Modernismo Brasileiro, destacando-se
como uma figura central por anos a frente do movimento da vanguarda paulistana.
Romancista, poeta, crítico de arte, historiador e musicólogo, Mário de Andrade
deixou um legado de obras importantes para nossa cultura. Literatura à parte,
Mário foi um importante contribuinte para a formação e compreensão da música
brasileira.
![]() |
Casa onde nasceu Mário de Andrade em 1893, na Rua Aurora nº320. |
Através
das pesquisas realizadas ao longo da década de 30, fez-se um levantamento do
patrimônio cultural das tradições folclóricas em todo o país, principalmente no
nordeste brasileiro - que até os dias de hoje é ímpar no registro e na
catalogação que proporcionam inúmeras pesquisas na área da musicologia e da
antropologia. Para compreender melhor a formação e a compreensão da música
popular, Mário de Andrade tinha como ideal a análise e a formação de um
discurso erudito. Ou seja, é preciso discutir e refletir sobre nossa música e
nossas manifestações culturais de maneira científica e criteriosa para
proporcionar a sua valorização e consequentemente o desenvolvimento do povo
brasileiro. Com isso, obras como Ensaios sobre a Música Brasileira (1928) e a
Pequena História da Música (1929) foram as grandes contribuições para aqueles
que pensam em iniciar seus estudos na área musical.
Geralmente,
os livros de história da música são grandes e pesados. Afinal, são mais de dois
mil anos de história. O caminho do desenvolvimento da música como nós ouvimos
hoje iniciou-se na Grécia antiga, passando pela Idade Média, Barroco,
Romantismo, até os dias atuais. Por isso o estudo da história da música é tão
grande quanto o estudo da história social e política de nossa civilização.
Mário
de Andrade escreveu, de acordo com seus ideais nacionalistas, o compêndio
Pequena História da Música. Um compêndio é um livro em que colocamos o que é
mais importante, ou seja, uma forma de encontrar rapidamente o essencial para
nossa informação. Com isso, Mário proporcionou uma formação e divulgação do
conhecimento musical a um público bem maior.
Curioso
para saber um pouco mais sobre a história da música? Fica então a dica de
leitura para estas férias. Um livro pequeno e rápido de ler que nos transporta
para outros tempos e nos faz compreender o significado da importância da música
em nossas vidas e como ela se desenvolveu até os dias atuais.
Mário no Conservatório Dramático e Musical. |
POEMA DE MÁRIO
Toada da esquina
Pouco
antes do meio-dia
Senti
que vinha.Esperei.
Veio.Passou.Foi
assim
Como
se a Lua passasse
Por
essa picada estranha
Que
viajo desde nascer.
A
redoma toda verde
Do
meu peito escureceu.
Noite
de maio bondoso.
Lá
vai a Lua passando.
Há
mesmo essa refração
Que
me bota no pescoço
O
cachecol da Via-Látea
E
a Lua na minha mão.
Mas
quando quero gozar
O
belo táctil luar,
E
passo a mão sobre os dedos...
Tenho
de desiludir-me .
Foi
mentira dos sentidos,
Foi
o orvalho.Nada mais.
Veio.Passou.Foi
assim
Como
se a Lua...
Suspiro
talqual na infância.
-
Que queres, Mário? - Mamãe,
Quero
a Lua - Hoje é impossível,
Já
vai longe. Tem paciência,
Te
dou a Lua amanhã.
E
espero. Esperas...Espera...
-
Pinhões!
-
Mário de Andrade, em "Poesias Completas", 1955.
OUTRAS FOTOS
Nenhum comentário:
Postar um comentário