IMAGEM REPRODUÇÃO
O
Juiz afirmava na época que os processos obedeciam às determinações do Estatuto
da Criança e do Adolescente. No dia 28 de março a Câmara dos Vereadores de
Itapetinga e o presidente da subseção da OAB local, Osvaldo Santos, entraram
com uma representação contra ele no Tribunal de Justiça. A Corregedoria Geral
apurou as denúncias contidas no documento referentes às adoções por
estrangeiros, abuso de poder e comportamento incompatível com as funções que
exerce. No dia seguinte, 29 de março, como de costume, mais três pedidos de
adoção deram entrada no Fórum de Itapetinga.
As
adoções só são consideradas assim entre as quatro paredes do pequeno Fórum da
cidade, porque na realidade de Itapetinga e no dia a dia de seus habitantes
elas representam uma nova atividade econômica que mudou a vida de dezenas de
pessoas, aqueceu o pequeno comércio local, lotou o maior hotel da cidade,
conhecido como o “hotel dos italianos” e introduziu, entre a população carente
da periferia, a pratica aberrante da venda de crianças, encarada naturalmente
como a única chance de “melhorar de vida”. Entretanto, a melhoria não chegou
para nenhuma das mães que concordaram em trocar os filhos por dinheiro,
aparelhos de tv ou material de construção. Algumas não receberam sequer o
combinado com o intermediário. Mas são as próprias crianças, as mais atingidas
pelas consequências do comércio explícito de seres humanos que se instalou na
cidade.Elas já se referem à venda de parentes e amigos com naturalidade e
muitas já têm consciência que paira da ameaça sobre elas. Vadinho, de seis
anos, morador de Vila Riachão, afirma que “minha mãe não vai me vender, não,
dona”. Tamires Barbosa dos Santos, também de seis anos, explica que “minha mãe
vendeu Rafael pro italiano”, referindo-se ao irmão, de três anos, que em meados
de janeiro deixou o barraco onde mora na rua Juvino Oliveira e acompanhou uma
senhora que lhe prometeu guaraná. Na ocasião, Tamires, agarrada às pernas da
mãe, recusouse a acompanhar o irmão. O drama dos filhos, entretanto, não
comoveu a mãe, Valdinélia Silva Rocha, desempregada, que na primeira audiência
confirmou, diante do juiz a adoção do filho caçula, apesar dos apelos do
menino. “Ele queira voltar para casa, chorou e perguntou pelos amiguinhos e
pela creche”. Valdinélia justifica-se dizendo- se ameaçada pelo ex-marido,
Ariosvaldo Barbosa que, segundo ela, foi “quem fez a transação” e garante que
não recebeu nenhum dinheiro para entregar Rafael. Rafael freqüentava a creche
municipal e não é o único a ser retirado de creches e outras instituições para
acompanhar casais de italianos. Maria da Paixão Dias, moradora à rua JJ 35,
empregada doméstica e mãe de cinco filhos foi abandonada pelo marido e ficou
sem ter onde morar. Tentou invadir uma casa, mas foi expulsa e acabou pedindo
ajuda à Secretaria Municipal de Ação Social, que costuma alojar famílias desabrigadas,
conseguindo a pequena casa onde, em seguida, passou a morar com os filhos. Em
sua passagem pelo Fórum, para explicar a tentativa de invasão, o caso de D.
Maria deve ter chamado a atenção dos interessados em “cadastrar” crianças. O
fato é que, poucos dias depois do episódio, ela foi procurada pela advogada
Eliene Bastos Ribeiro, várias vezes denunciada por tráfico de crianças que,
acompanhada de uma “moça loura”, lhe propôs trocar três de seus filhos, de 8, 6
e 3 anospor “uma casa com tudo dentro”. D. Maria afirma que recusou a oferta
porque “meus meninos não são filhos de porco nem de cachorro, não vou trocar
por casa nenhuma, prefiro ficar por aí, à tôa.”Mas nem todas as mães
contactadas pensam e agem como D. Maria. Para os agenciadores não é difícil
“selecionar” possíveis doadoras. As propostas de “ajeitar a vida”,”levantar a
casa” ou “ganhar uma feira por semana” aparecem sempre na hora certa, nos
momentos em que são, praticamente irrecusáveis. Algumas chegam a escolher os
meninos que representam problemas de saúde ou os “que dão mais trabalho” para
entregar aos intermediários dos advogados. Até 1992, a Comarca de Itapetinga
apresentava um índice de adoções zero enquanto o tráfico de crianças era
denunciado em outras…Clique aqui e reveja o caso completo. http://www.cpvsp.org.br/upload/periodicos/pdf/PSACIBA031995016.pdf
FONTE DA MATÉRIA: http://www.blogdodigadiga.com.br/v1/ |
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