"Coleção Fradim" ganha 32 exemplares
reeditados, sendo um deles para colecionadores com um resumo das obras
Nesta
quarta-feira, 5 de fevereiro, o cartunista Henfil faria 70 anos se estivesse
vivo. Seus desenhos de traços simples, rápidos e aparentemente inocentes
cutucavam problemas sociais, como a "Turma da Caatinga" e uma das
mais famosas personagens, a Graúna, que apontava para questões do País.
"Henfil
é importante porque tem conteúdo social e político em sua obra, que continua
sendo um olhar sobre o Brasil que não perdeu o frescor", conta ao iG
Angela Arraya, coordenadora de projetos no Instituto Henfil.
Para
celebrar o aniversário do cartunista morto em 1988, o Instituto e a Ong Henfil
Educação e Sustentabilidade fazem evento nesta quarta (5), no Museu da
República, no Rio de Janeiro. No encontro, a obra do artista e a importância de
seus trabalhos até os dias de hoje serão relembrados.
Uma
mesa formada pelo ator e diretor Paulo Betti, o escritor Sérgio Cabral, o
jornalista Tárik de Souza e o artista Nelsinho Rodrigues trará a obra de Henfil
à tona. Um bate-papo no mesmo formato está sendo idealizado para acontecer em
São Paulo, com local a ser divulgado, e em outras capitais.
Outra
novidade para comemorar os 70 anos de Henfil são os cinco volumes reeditados da
Coleção Fradim, que começou a ser relançada em 2013, quando dos 25 anos da
morte do cartunista. Até o momento, a Coleção só pode ser encontrada na loja
virtual e 12 de suas 31 edições já foram relançadas.
A
Coleção Fradim, que originalmente foi lançada entre os anos 1970 e 1980, ganhou
uma edição número zero para colecionadores, totalizando 32 revistas. "A
Coleção é a maior obra sequencial de Henfil. A edição 'zero' faz um apanhado de
tudo, é um resumo do processo de criação dele."
Nas
edições de Fradim estão os personagens clássicos criados por Henfil, como
Cumprido e Baixim, conhecidos como os 'fradinhos', e personagens da 'Turma da
Caatinga', como a Graúna, o cangaceiro Zeferino e o bode Orelana.
CARREIRA
Henfil,
apelido de Henrique de Sousa Filho, era irmão do sociólogo Betinho. Teve uma
prolífica carreira como cartunista e quadrinista, consagrando personagens de
alto cunho social e político como a Graúna e os fradins Cumprido e Baixim em
suas tirinhas.
Foi
ativista social e participou de movimentos como o da Anistia. Foi ainda o
criador do bordão "Diretas Já" para a campanha que pedia pelas
eleições diretas, além de ter participado da fundação do Partido dos
Trabalhadores.
Henfil
atuou também como escritor, tendo lançado livros como "Diário de um
Cucaracha" (1976), e jornalista em publicações como "Diário de
Minas", "O Pasquim", "Realidade" e "O
Cruzeiro".
BIOGRAFIA
COMPLETA
O
desenhista, jornalista e escritor Henrique de Souza Filho, mais conhecido como
Henfil, nasceu em 1944, em Ribeirão das Neves (MG), e cresceu na periferia de
Belo Horizonte, onde fez os primeiros estudos, frequentou um curso supletivo
noturno e um curso superior em sociologia, que abandonou após alguns meses.
Foi
embalador de queijos, contínuo em uma agência de publicidade e jornalista, até
especializar-se, no início da década de 1960, em ilustração e produção de
histórias em quadrinhos. Em 1964, começou a trabalhar na revista Alterosa, de
Belo Horizonte, a convite do editor e escritor Robert Dummond. Ali nasceu
originalmente a HQ Os Fradinhos. Em 1965, passou a produzir caricaturas
políticas para o jornal Diário de Minas, e em 1967, criou charges esportivas
para o Jornal dos Sports, do Rio de Janeiro. Colaborou, ainda, para as revistas
Visão, Realidade, Placar e O Cruzeiro. A partir de 1969, passou a colaborar
para os jornais O Pasquim e Jornal do Brasil, o que tornou seus personagens
deste período bastante populares em todo o país.
Em
1970, lançou a revista Os Fradinhos. Nesse momento, a produção de histórias em
quadrinhos e cartuns de Henfil já apresentava características específicas: um
desenho humorístico político, crítico e satírico, com personagens tipicamente
brasileiros. Após uma década de trabalho no Rio de Janeiro, Henfil mudou-se
para Nova York, onde passou dois anos em tratamento de saúde e escreveu o livro
Diário de um Cucaracha.
Além
das histórias em quadrinhos e cartuns, Henfil realizou, em co-autoria com
Oswaldo Mendes, a peça de teatro A Revista do Henfil. Além disso, escreveu,
dirigiu e atuou no filme Tanga - Deu no New York Times e teve, ainda, uma
incursão na televisão com o quadro TV Homem, do programa TV Mulher (Rede
Globo). Como escritor, publicou sete livros: Hiroshima, meu humor (1976), Diário
de um Cucaracha (1976), Dez em humor (coletânea, 1984), Diretas já (1984),
Henfil na China (1980), Fradim de Libertação (1984) e Como se faz humor
político (1984).
O
cartunista destacou-se também por seu posicionamento político, sobretudo devido
ao seu engajamento na resistência à ditadura militar no Brasil, lutando pela
democratização do país, pela anistia aos presos políticos e pelas Diretas Já.
Henfil
morreu, em 1988, aos 43 anos, no Rio de Janeiro. Hemofílico (como seus dois
irmãos, o sociólogo Betinho e o músico Francisco Mário), Henfil contraiu Aids
em uma transfusão de sangue, ocorrência comum na época, já que havia ainda
pouco conhecimento sobre a doença e a necessidade de cuidados específicos para
preveni-la.
Ao
criar personagens típicos brasileiros, como os Fradinhos, o Capitão Zeferino, a
Graúna e o Bode Orelana, entre outros, Henfil foi responsável pela renovação do
desenho humorístico nacional, assumindo o projeto de "descolonização"
em um momento em que as HQs nacionais tinham seu desenvolvimento sufocado pela
distribuição dos quadrinhos norte-americanos pelo mundo inteiro.
FONTE:
http://www.centrocultural.sp.gov.br/
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