quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

CARTUNISTA HENFIL, QUE FARIA 70 ANOS NESTA QUARTA, TEM COLEÇÃO RELANÇADA E VEJA TAMBÉM SUA BIOGRAFIA COMPLETA


"Coleção Fradim" ganha 32 exemplares reeditados, sendo um deles para colecionadores com um resumo das obras


Nesta quarta-feira, 5 de fevereiro, o cartunista Henfil faria 70 anos se estivesse vivo. Seus desenhos de traços simples, rápidos e aparentemente inocentes cutucavam problemas sociais, como a "Turma da Caatinga" e uma das mais famosas personagens, a Graúna, que apontava para questões do País.

"Henfil é importante porque tem conteúdo social e político em sua obra, que continua sendo um olhar sobre o Brasil que não perdeu o frescor", conta ao iG Angela Arraya, coordenadora de projetos no Instituto Henfil.

Para celebrar o aniversário do cartunista morto em 1988, o Instituto e a Ong Henfil Educação e Sustentabilidade fazem evento nesta quarta (5), no Museu da República, no Rio de Janeiro. No encontro, a obra do artista e a importância de seus trabalhos até os dias de hoje serão relembrados.

Uma mesa formada pelo ator e diretor Paulo Betti, o escritor Sérgio Cabral, o jornalista Tárik de Souza e o artista Nelsinho Rodrigues trará a obra de Henfil à tona. Um bate-papo no mesmo formato está sendo idealizado para acontecer em São Paulo, com local a ser divulgado, e em outras capitais.

Outra novidade para comemorar os 70 anos de Henfil são os cinco volumes reeditados da Coleção Fradim, que começou a ser relançada em 2013, quando dos 25 anos da morte do cartunista. Até o momento, a Coleção só pode ser encontrada na loja virtual e 12 de suas 31 edições já foram relançadas.

A Coleção Fradim, que originalmente foi lançada entre os anos 1970 e 1980, ganhou uma edição número zero para colecionadores, totalizando 32 revistas. "A Coleção é a maior obra sequencial de Henfil. A edição 'zero' faz um apanhado de tudo, é um resumo do processo de criação dele."

Nas edições de Fradim estão os personagens clássicos criados por Henfil, como Cumprido e Baixim, conhecidos como os 'fradinhos', e personagens da 'Turma da Caatinga', como a Graúna, o cangaceiro Zeferino e o bode Orelana.


CARREIRA


Henfil, apelido de Henrique de Sousa Filho, era irmão do sociólogo Betinho. Teve uma prolífica carreira como cartunista e quadrinista, consagrando personagens de alto cunho social e político como a Graúna e os fradins Cumprido e Baixim em suas tirinhas.

Foi ativista social e participou de movimentos como o da Anistia. Foi ainda o criador do bordão "Diretas Já" para a campanha que pedia pelas eleições diretas, além de ter participado da fundação do Partido dos Trabalhadores.

Henfil atuou também como escritor, tendo lançado livros como "Diário de um Cucaracha" (1976), e jornalista em publicações como "Diário de Minas", "O Pasquim", "Realidade" e "O Cruzeiro".


BIOGRAFIA COMPLETA


O desenhista, jornalista e escritor Henrique de Souza Filho, mais conhecido como Henfil, nasceu em 1944, em Ribeirão das Neves (MG), e cresceu na periferia de Belo Horizonte, onde fez os primeiros estudos, frequentou um curso supletivo noturno e um curso superior em sociologia, que abandonou após alguns meses.

Foi embalador de queijos, contínuo em uma agência de publicidade e jornalista, até especializar-se, no início da década de 1960, em ilustração e produção de histórias em quadrinhos. Em 1964, começou a trabalhar na revista Alterosa, de Belo Horizonte, a convite do editor e escritor Robert Dummond. Ali nasceu originalmente a HQ Os Fradinhos. Em 1965, passou a produzir caricaturas políticas para o jornal Diário de Minas, e em 1967, criou charges esportivas para o Jornal dos Sports, do Rio de Janeiro. Colaborou, ainda, para as revistas Visão, Realidade, Placar e O Cruzeiro. A partir de 1969, passou a colaborar para os jornais O Pasquim e Jornal do Brasil, o que tornou seus personagens deste período bastante populares em todo o país.

Em 1970, lançou a revista Os Fradinhos. Nesse momento, a produção de histórias em quadrinhos e cartuns de Henfil já apresentava características específicas: um desenho humorístico político, crítico e satírico, com personagens tipicamente brasileiros. Após uma década de trabalho no Rio de Janeiro, Henfil mudou-se para Nova York, onde passou dois anos em tratamento de saúde e escreveu o livro Diário de um Cucaracha.

Além das histórias em quadrinhos e cartuns, Henfil realizou, em co-autoria com Oswaldo Mendes, a peça de teatro A Revista do Henfil. Além disso, escreveu, dirigiu e atuou no filme Tanga - Deu no New York Times e teve, ainda, uma incursão na televisão com o quadro TV Homem, do programa TV Mulher (Rede Globo). Como escritor, publicou sete livros: Hiroshima, meu humor (1976), Diário de um Cucaracha (1976), Dez em humor (coletânea, 1984), Diretas já (1984), Henfil na China (1980), Fradim de Libertação (1984) e Como se faz humor político (1984).

O cartunista destacou-se também por seu posicionamento político, sobretudo devido ao seu engajamento na resistência à ditadura militar no Brasil, lutando pela democratização do país, pela anistia aos presos políticos e pelas Diretas Já.

Henfil morreu, em 1988, aos 43 anos, no Rio de Janeiro. Hemofílico (como seus dois irmãos, o sociólogo Betinho e o músico Francisco Mário), Henfil contraiu Aids em uma transfusão de sangue, ocorrência comum na época, já que havia ainda pouco conhecimento sobre a doença e a necessidade de cuidados específicos para preveni-la.

Ao criar personagens típicos brasileiros, como os Fradinhos, o Capitão Zeferino, a Graúna e o Bode Orelana, entre outros, Henfil foi responsável pela renovação do desenho humorístico nacional, assumindo o projeto de "descolonização" em um momento em que as HQs nacionais tinham seu desenvolvimento sufocado pela distribuição dos quadrinhos norte-americanos pelo mundo inteiro.


FONTE:

http://www.centrocultural.sp.gov.br/

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