quinta-feira, 19 de setembro de 2013

GATOS E MAUS TRATOS EM ITAPETINGA - BA: A TOXOPLASMOSE E A FALTA DE INFORMAÇÃO




Matança de gatos por envenenamento proposital em nossa cidade é uma constante, em todos os bairros, no centro da cidade mais de 8 gatos de rua foram mortos somente em junho deste ano, segundo denuncias recebidas pela S.O.S. Animais de Rua. Na Rua Osvaldo Cruz de 2008, até a presente data, foram mortos por envenenamento, mais de 20 gatos.

 Maltratar, abandonar e matar animais é crime (Lei de Crimes Ambientais nº 9.605/98), portanto o “criminoso” mora nas imediações e continua a agir de maneira covarde mesmo após diversas denuncias repassadas ao Ministério Público, Ouvidoria Municipal, Vigilância Sanitária e Polícia Militar. Como não houve ainda uma solução para este problema, a S.O.S aconselha aos criadores de gatos que os mantenham longe de possíveis criminosos, através da castração destes animais para evitar superpopulação e a devida colocação de telas nas janelas das casas, prevenindo assim a sua saída ou o contato com novos indivíduos. Criadores de gatos precisam estar cientes de que algumas pessoas não gostam destes animais ou por puro pré-conceito, causado por falta de conhecimento a seu respeito, são capazes de atrocidades.
A toxoplasmose é uma zoonose causada pelo protozoário Toxoplasma gondii (NICOLLE & MANCEAUX, 1909), que parasita um grande número de espécies de mamíferos e aves (FRENKEL et al., 1970). Os hospedeiros definitivos são certas espécies de felinos, entre eles o gato doméstico (FRENKEL et al., 1970). Os humanos são vulneráveis à infecção que trás sérias consequências (FRENKE, 1990). A exposição de mulheres ao T. gondii durante o primeiro terço da gestação pode resultar na morte do feto ou graves defeitos na criança. A infecção de humanos com câncer, AIDS, transplantados, pode resultar em encefalite, cegueira (LUFTZ, 1984).


O que oferece este risco á saúde humana é a ingestão de cistos do Toxoplasma em carnes mal cozidas (principalmente a suína), oocistos de Toxoplasma (ovos) em água contaminada, ou na forma congênita (de mãe para filho) (NAVARRO et al., 1992). Os gatos podem adquirir a doença quando são alimentados com carne crua. O solo contaminado com oocistos nas fezes dos gatos domésticos é uma via de transmissão de grande importância epidemiológica, mas o contato com o animal não resulta grande perigo porque os oocistos não se aderem aos pêlos do gato (FRENKEL, 1970).  Por causa de seus cuidadosos hábitos de limpeza, matéria fecal não é encontrada na pelagem de gatos clinicamente normais, portanto a possibilidade de transmissão para seres humanos pelo ato de tocar ou acariciar um gato é mínima ou inexistente (NETTO et al., 2003). Mordidas, arranhões são improváveis vias de transmissão, pois os protozoários dificilmente estarão presentes na cavidade oral ou saliva de gatos com infecção ativa ou infecção crônica.
 A prevenção da infecção de cães e gatos baseia-se principalmente em cuidados com a alimentação deles, não permitindo o consumo de carne crua ou mal-cozida por estes animais, prevenindo assim a exposição a cistos teciduais. Os animais devem ser mantidos em casa e bem alimentados, prevenindo que venham a caçar roedores e aves, que possam estar infectados (MASUR, 1990; FORTES, 2004).


Pesquisadores norte americanos estudaram a distribuição de cistos de T. gondii em tecidos suínos utilizados para consumo humano (ARISTEU et al., 2010) e concluíram que o T. gondii pode sobreviver até um ano em vários cortes comerciais e em vários órgãos utilizados para o consumo, portanto uma das formas de reduzir a infecção humana pelo T. gondii é destruir os cistos da carne cozinhando-a até uma temperatura de 67°C por 20’, com garantia de que o calor penetre igualmente no alimento. O congelamento à -13°C por 18 a 24hs pode ser considerado um meio de destruição dos cistos (HILL & DUBEY, 2002). Deve ser evitado o consumo de leite de cabra não pasteurizado, lavar bem as mãos e utensílios após mexer em carne crua para não ingerir formas infectantes, assim como lavá-las após contato com fezes de gato, ou após mexer na terra, que podem estar contaminadas com oocistos (NAVARRO et al., 1992). Existe também uma alta taxa de contaminação entre os trabalhadores de frigoríficos do que na população em geral sugerindo que o manuseio desprotegido de carcaças e vísceras também representa um risco de infecção (MILLAR et al. 2007).Os gatos de rua são “de rua” devido à irresponsabilidade humana, uma vez que quando gatos não castrados são criados soltos saem sozinhos para “caçar”, geralmente estes animais se reproduzem sem controle, as gatas que vão pra rua, voltam prenhes e os resultados desta liberdade são os “filhotes na Rua”. O abandono é pior que a morte em alguns casos, um filhote de gato abandonado que nunca conhecerá um lar, ficará sujeito a uma morte lenta por fome, frio, atropelamento, doença, violência, enfim diversos fatores (ESTRELLA, 2008). A pessoa que abandona acha que assim se livra da responsabilidade quando na verdade ela é a culpada pelo problema de superpopulação de gatos de rua sujeitos a doenças e causadores de riscos á saúde pública. É necessária uma mudança de postura a este respeito. Uma boa interação entre homem e animal traz benefícios não só para o homem (SERPELL, 1993), mas, também, para o animal com relação a sua alimentação, moradia, lazer e condições sanitárias (WILLE R., 1984).
Em busca de uma relação harmônica entre homens e animais, criamos esta Associação e contamos com o apoio de todos que se interessem pelo assunto.  A S.O.S. Necessita da sua ajuda para continuar realizando este trabalho, colabore, participe e seja bem vindo!  Informe-se, utilize a nossa página do facebook https://www.facebook.com/itapetingasos em caso de denuncias de maus tratos, resgates, adoções e doações de material para consumo. Entre em contato caso também queira ser um voluntário ou colaborador. Para doações em dinheiro: (conta na caixa economica cc 19729-1 Ag 0635 op 13). Muito obrigada!

*Este texto foi escrito baseado em denuncias e na realização de pesquisa bibliográfica.


Autora: Heneile Nascimento Carvalho, Bióloga, Presidente da S.O.S Animais de Rua de Itapetinga, Gestão de 2013.

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